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Mostrando postagens de julho, 2020

Nietzsche e o supraterrestre

“Permanecei fiéis à Terra e não acrediteis nos que vos falam de esperanças supraterrestres! Envenenadores são eles”. — Nietzche. Assim falou Zaratustra 

Bakunin e liberdade

"(...) A definição materialista, realista e coletivista da liberdade (...) é esta: o homem só se torna homem e só chega à consciência e à realização de sua humanidade em sociedade e somente através da ação coletiva da sociedade inteira; ele só se emancipa do jugo da natureza exterior pelo trabalho coletivo ou social que é o único capaz de transformar a superfície da Terra em lugar favorável aos progressos da humanidade. Sem esta emancipação material não pode haver a emancipação intelectual e moral para ninguém. Ele só pode emancipar-se do jugo de sua própria natureza, isto é, só pode subordinar os instintos e os movimentos de seu próprio corpo na direção de seu espírito cada vez mais desenvolvido, através da educação e da instrução; mas uma e outra são coisas eminentemente e exclusivamente sociais, pois fora da sociedade o homem teria permanecido eternamente na condição de animal selvagem ou de santo, o que significa quase a mesma coisa. Enfim, o homem isolado não pode ter a consc...

O Real

Será que as tempestades têm um propósito em cair? Pediriam os ventos perdão por soprar e levar as sementes e o pólen e ser como são? Não podemos pedir perdão por ser humanos, por viver, por amar e rir, por chorar e sofrer, por querer a condição de sonhar...   O mundo, disseram que é falso os contos dos contemplativos perdidos. Eles chamaram tudo que é real de ilusão, e os fantasmas das ideias, das sensações loucas, dos tremeliques, da sua fuga extática, chamaram de verdade. Tudo ao avesso? Real é estar aqui com os meus e com os outros, nossos laços e nossos conflitos, nossas lutas... É real a mortandade gratuita, o nascimento de bebês, de ideias, a escravidão dos bichos e a presunção de seres canibais, o orgulho monumental, os uivos das geleiras a sangrar, o som metálico dos dentes maquinais, o zumbido das mensagens que cruzam o espaço atmosférico. O que eu sou é real agora em seu estado atual. O que sonhamos é real na medida da ação. 27/04/2020 - São Paulo

Espiritualidade libertária

O que se conviu chamar de espiritualidade é uma forma de contemplação da própria mente, do próprio coração e emoções, relacionando-se com o resto da existência a partir de si. Muitas pessoas a partir daí encontraram o êxtase da atenção básica em si e conseguiram apreender partes do funcionamento da construção da identidade própria e também no outro, em relação à construção simbólica, sensual e conceitual da identidade.   Tendo essa percepção, na antiguidade se usou metáforas de algo absoluto/transcendental (deus, todo, libertação, vazio, astral, etc.) para falar desse espectro "mais real" antes da experiência imediata.   A cultura forneceu as personagens e categorias para montar narrativas, que, tomadas como o cerne da questão, geraram a religião e seu papel social de dominação e justificação do poder.   Sacerdotes e religiosos que jamais experimentaram essa análise interna muitas vezes passaram a cuidar das narrativas e sua interpretação "verdadeira", enfeitando co...