Anarquismo: o socialismo possível
A imagem representa a bandeira anarco-comunista, representada pelas cores vermelha e preta (a primeira acima e a segunda abaixo, respectivamente) divididas por uma diagonal subindo da esquerda para a direita.
Hoje, as ideias liberais e marxistas-leninistas já não se sustentam na prática: tanto as sociedades capitalistas ("democráticas" ou assumidamente fascistas) como o socialismo estatal falharam miseravelmente em aplicar suas próprias ideias elevadas. São igualmente formas de organização que promovem a miséria e o totalitarismo com ou sem disfarce. A propaganda é sua arma principal: em ambos os regimes, a verdade está perdida num mar de ideias emotivas e irracionais que se impõe às multidões de seguidores e desavisados. Pessoas que você consideraria inteligentes ficam sussurrando clichês falsos reacionários ou simplificações teleológicas "revolucionárias" que, num caso ou noutro, reforçam a dominação humana.
É preciso ter claro como o dia que o estatismo e a disciplina de multidões não resultam em nada que promova a liberdade. O estudo de uma ética libertária promove a melhor análise que temos sobre os fatos morais, que podem caracterizar como crimes contra a humanidade os abusos desses poderes. Não crimes num sentido judicial, mas a destruição proposital da liberdade e do potencial humano nessas camadas exploradas e disciplina para o controle mental, o que constitui um crime contra a humanidade em si.
A moral não é uma coisa absolutamente relativa: parece que toda sociedade humana têm algumas coisas em comum com as outras; em toda parte, foi um problema a uniformização excessiva, a submissão dos indivíduos segundo a disciplina do poder institucional, ou seja, o estado e as organizações associadas (religião, escola, universidade, judiciário, prisão e outras) te destruindo e lucrando com o seu fim amargo.
As ideias anarquistas têm uma atualidade impossível de ignorar porque elas falam ao indivíduo e ao social, porque elas não fazem as coisas pela "miséria do possível" que as reformas nos impõe, ou a "esquerda centrista" que vive de eleições e publicidade personalista, além de descartar ideias totalitárias bolchevistas.
Para o socialismo histórico, a ideia coletiva e horizontal é a única opção que produziu experiências socialistas saudáveis (AANES, Chiapas, Ucrânia Livre, experiências coletivistas na Espanha da era CNT-FAI, cooperativas libertárias no seio do capitalismo e comunas livres em todo o mundo e outras). São experiências que lutam nos dois fronts, contra o capitalista do capital e contra o capitalista do estado totalitário.
Parece inviável uma mudança que disponha do estado e impulsione a liberdade humana? Permita-me uma grosseria: somente para os preguiçosos que convenientemente se informam por veículos midiáticos em celulares e televisores, porque não estão na realidade e não têm contato com a radicalidade em periferias, em sociedades indígenas, em "zonas à defender", em projetos cooperativos pela transparência parlamentar, em luta pela educação, em luta trabalhista, em conselhos regionais de saúde, transporte, segurança pública, entre outros, em prisões e instituições manicomiais. Em suma, a imobilidade faz mamar as tetas do conformismo e comprar ideias de que tudo isso é um sonho, mas a luta que pode fazer uma diferença está acontecendo e não será veiculada nem por parasitas que seguram o estado hoje e nem por seus concorrentes que o desejam amanhã. Sua ideologia vai silenciar ou desprezar essas experiências reais, porque lhes prejudica diretamente.
É preciso analisar a realidade com os óculos da ciência e da história, e por isso uma aposta fundamental é a educação libertária. As práticas de mobilização de base nas categorias trabalhistas podem quebrar as pernas dos sindicatos traidores e reconstruir um sindicalismo que importe. A luta no campo tem urgência, porque está havendo uma ofensiva genocida como nunca contra a agricultura familair, os povos originários e o meio ambiente, todos ao mesmo tempo; é preciso uma solidariedade real e eficiente de organizações urbanas nesse combate. Lutas contra as opressões (patriarcado, hetero e cisnormatividade, monogamia compulsória, capacitismo, supremacia branca, neo-colonialismo, entre outras) estão em associação com essas pautas. Não é possível modificar o sistema sem lutar em todos os fronts do modo de produção atual, seja material ou ideológica. Isso tem que incluir a produção de carne e produtos animais.
Em suma, é um conjunto de tarefas entrelaçadas que demanda militante ativos em todos os lados.
Toda ideologia capitalista, religiosa/esotérica, leninista, universitária, filantrópica e outras do mundo antigo estão fazendo pressão contra a emancipação humana.
Para resolver isso, estamos dentro das empresas, igrejas, seitas, movimentos, escolas, universidades, ações de caridade e comunidades ativamente combatendo no campo ideológico e físico.
Diálogo com diferentes setores submissos e intransigência com a casta dominante: uma bandeira vermelha outra preta lado a lado, ou as duas matizes unidas em um só pano. Será minha bandeira enquanto eu viver. A urgência é grande, pois a história não tem um rumo certo, se faz por indivíduos ativos em coletivos orgânicos. A negligência do humano contemporâneo pode ser a morte de gerações futuras inteiras. Nenhuma justiça cósmica vai acertar o universo, mas a justiça social terá o peso de nossa luta revolucionária.

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