A libertação de todas as ilusões
Todas as pessoas já nasceram com nirvana (=extinção em sânscrito) no sentido que não existe um ciclo de nascimento e morte que as prende. Não há que vigiar os pensamentos para se aperfeiçoar e se tornar de uma sabedoria transcendente, que, afinal, não existe.
O mundo das ideias perfeitas não existe, sendo uma abstração metafórica que foi levada a sério demais por cultistas do nada.
Não há samsara (=perambulação em sânscrito). Essa vida é uma jornada que tem um fim permanente para esse conjunto confuso de personalidades inconsistentes. Não há nenhuma mente inorgânica que salta para outra dimensão. Isso sabemos. A mente é um produto do cérebro.
Não houve uma queda da graça divina porque não há deus que tenha criado um ideal perfeito. Tudo isso é só muito querer de quem exige uma transcendência, um modo de dar conta do que ignoramos, mas fingir saber não adianta.
São histórias da carochinha para amansar a plebe que a classe patrícia patrocina para poder seguir no roubo, no assassinato e na pilhagem. Pessoas que pensam que têm que ser inofensivas e perdoar injustiças sociais não se movem.
Não temos salvação ou extinção no sentido de ter uma sabedoria mística que nos livra de todo sofrimento, mas isso é porque tal coisa não existe mesmo. Lideranças do esoterismo que falam em satisfações ascéticas são apenas fantoches do poder que existem para vender retiros, livros e produzir o amansamento mencionado. Falam uma linguagem da ideologia dominante: pregam tudo que promova o esvaziamento da libertação humana.
O potencial humano desenfreado assusta as potestades políticas que exploram multidões, pois a realização desse potencial exige o fim de seu domínio sobre nós.
Sabedoria e espiritualidade para as libertárias é destruir o fascismo e queimar os templos, ensinando a toda gente aceitar sua complexidade humana. Não se culpa emoções difíceis: a vida é profunda e larga, uma experiência a ser vivida na amplitude de seus mistérios. A justiça que existe é aquela que forjarmos na peleja rumo ao socialismo.
O realismo humilde que nos permite a verdadeira sabedoria é tudo questionar e admitir nossa ignorância humana. Irreverência diante de toda doutrina de um sagrado é o dever de quem persegue a verdade: a vida é muito bela e rica para se desperdiçar com castidades e convenções de ovelhas medrosas.
Morte! Morte ao sacerdócio! Morte às divindades! Não há lei mística!
Nos enganaram com leis do além para a servidão coletiva com enfeites de liberdade de escolha. A tempo destroçaremos seu mundo vilanesco e obteremos a libertação possível: um mundo sem mestres e sem assombrações invisíveis.
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