Ateísmo e agnosticismo

 

Esse gráfico é fonte de erros conceituais.

A imagem representa um gráfico de dois eixos: um deles é teísta-ateísta, que representa a crença e não-crença em deus, e o outro gnóstico-agnóstico, que representa certeza ou incerteza. Daí gera as combinações: gnóstico teísta, agnóstico teísta, gnóstico ateísta e agnóstico ateísta.
Ser teísta ou ateísta não implica 100% de crença na hipótese 'deus existe' ou 'não existe'. Somente uma pessoa muito equivocada (e/ou alucinada, no caso teísta) poderia achar que existam provas concretas para a certeza total. Na negativa da existência de algo, seja deus ou unicórnios, 100% de certeza é inatingível, exceto pela teimosia e abandono do pensamento racional.
Se você responde 'provavelmente' ou 'muito provavelmente' sim ou não para a pergunta 'deus existe?', parabéns. Você é teísta ou ateísta. Crença aqui é usada num sentido filosófico e nada tem com fé. É apenas o nível de credibilidade que se dá a uma hipótese. Na filosofia, 'crença verdadeira' é aquela suportada por provas, como o formato da Terra ou a existência de bactérias e microorganismos. A questão de deus não tem provas aqui ou ali, contra ou favor.
O agnosticismo não é sobre deus existir ou não. Você pode ser agnóstique em relação a qualquer tema. A questão para a qual você suspende seu julgamento e não considera possível saber é uma questão na qual sua postura é agnóstica.
Se você tiver uma postura agnóstica em relação à existência de divindades, você não acha possível saber isso ou acha que a probabilidade é aproximadamente 50% sim ou não. Se você acha uma resposta mais provável, já não é uma pessoa agnóstica em relação a essa pergunta. 
Agora o mais importante de tudo: humildade intelectual não tem nada a ver com agnosticismo. Muitas pessoas acham isso, mas você pode ser bem pouco fanático num lado ou noutro, e uma pessoa agnóstica em muitos temas pode ser arrogante. A humildade intelectual é admitir a dúvida e permitir-se estar num diálogo quanto ao problema, especialmente um problema como esse, onde a resposta não está dada.
Da minha parte, estou convencido de que os argumentos contra a existência de divindades, espíritos e alma em geral são convincentes. E a apologia dessas coisas me parece fraca. Ter essa posição não é arrogância.
Esse post é uma resposta à muitas pessoas ateístas se descreverem como "agnósticas ateístas" para exprimir que não têm certeza absoluta, o que provém de um erro conceitual muito grande.
Nota: estou aceitando, nesse debate, ateísmo e agnosticismo como estados psicológicos para descrever a identidade de indivíduos e sua opinião pessoal, o que não é um procedimento super rigoroso na filosofia da religião.
Fonte: Counter Apologetics (podcast) e Stanford Dictionary of Philosophy.

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