Fragmentos irreligiosos IV
Fora do materialismo como perspectiva para compreender não somente a economia e a sociedade, mas também as ideologias e a metafísica estão concepções idealistas, nas quais as superstições e os mitos estão como elegantes convidados.
Em tempos de mais esclarecimento e do avanço das ciências como modelos explicativos satisfatórios, o mito agora ganha um verniz de crença inofensiva que anda de mãos com a ciência. Supõe-se que deveríamos esquecer que por milênios a religião foi a causa de muitos limites ao livre pensamento e ao avanço de nossa compreensão do universo, e até de filosofias satisfatórias para lidar com questões espirituais da humanidade.
É preciso dizer de novo e de novo à exaustão: as crenças no sobrenatural, em darmas (leis cósmicas), na magia, na oração, em divindades, espíritos, demônios e possessão, assim como numa essência humana segundo a descrição dos textos religiosos são obstáculos para o desenvolvimento de nosso conhecimento. Não se tratam de questões naturais da cognição humana por terem qualquer realidade; antes, são efeitos colateral da evolução humana, como atribuição de agência a acontecimentos externos e o controle social de grupos tribais. Sua sobrevivência prolongada existe em detrimendo de uma compreensão saudável do espírito humano e das grandes questões que pretendem responder com simplismo. É vergonhoso e rizível o esforço de afirmar a lógica dessas comunicações divinas e espirituais e o valor desses mitos como um templo das civilizações.
Gosto de fingir que estamos longe da Idade das Trevas, embora a crença fanática em divindades e religiões esteja aumentando em muitas partes do mundo e a teocracia ameaça na minha pátria.
São os mesmos erros antigos, cuja existência agora se dá como farsa (quando antes tragédia, diria Karl Marx) para a legitimização de forças conservadoras que temem o anúncio de sua morte.
Coisas como os avanços técnicos, o acesso sem precedentes à informação e todo um rol de avanços em direitos civis, por frágeis que nos pareçam, são golpes brutais que provocam a incontinência das classes parasitárias que sempre se esconderam na ignorância cultivada da espécie. E a religião ou as "seitas espiritualistas", assim como as teorias conspirativas e o conservadorismo são as últimas agonias do inimigo.
Nós vamos destruir o velho mundo de uma vez por todas e nossa arma é o livre-pensamento. Quem ainda tiver fé em coisas do além terá cada vez menos refúgio em patéticas acrobacias do pensamento, pois a filosofia crítica e a ciência não freiarão.
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